terça-feira, 16 de março de 2010

Vídeo com Rafinha Bastos gera polêmica sobre plágio na internet


Vídeo com Rafinha Bastos gera polêmica sobre plágio na internet
VITOR MORENO
colaboração para a Folha Online

Atualizado às 10h04.

O vídeo "Manual da Reportagem", em que o apresentador do programa "CQC", Rafinha Bastos, dá dicas para que qualquer pessoa vire um repórter de televisão causou polêmica hoje entre alguns internautas, que o acusaram de copiar o texto de "How To Report News", de Charlie Brooker, da BBC.

"É mesmo a Jovem Guarda do humor brasileiro. Só que em vez de fazer versão em português das músicas dos Beatles, traduzem esquetes", cutucou um usuário do YouTube.

No Twitter, o usuário miguelyoung achou "patético" o apresentador "copiando Charlie Brooker e achando que dizer que é baseado já basta pra ficar tudo ok". Já andrecampos diz que "É normal o Rafinha Bastos pegar piadas de alguém de fora".

Os dois vídeos têm diversas semelhanças. Começam com os apresentadores em estúdio e depois os mostram na rua, em diversas situações vistas frequentemente em reportagens de televisão.

Ao final da versão brasileira, o original chega a ser citado. "Baseado na obra do jornalista britânico Charlie Brooker 'How To Report News'". Na versão vista pela Folha Online, um balão informa que o material foi "traduzido e adaptado".

Reprodução

Acima, Charlie Brooker no vídeo "How To Report The News"; abaixo, Rafinha Bastos no "Manual da Reportagem"

Outro lado

Rafinha disse à Folha Online que se opõe totalmente a cópias. "Sou paranóico com isso. Dizer que 'é normal eu copiar de gente de fora' me ofende profundamente e pega na honestidade do meu trabalho", diz ele.

"Em cada show que faço, desde 2006, asseguro que é tudo criação minha. Se vejo algo parecido de fora, já largo o assunto", ressalta Rafinha.

"Tem vez que passo 2 meses pra bolar 5 minutos, e alguém vai insinuar que vivo de cópias?", protesta ele. "Passo o tempo todo do meu dia criando."

Nesse caso específico, Rafinha afirma que bateu o pé do começo ao fim que ficaria clara a inspiração no outro trabalho. "Sei que não é novo. Eu mesmo dei o link do original no meu Twitter. Foi tudo creditado", ressalta.

"Só participei mesmo porque fui convidado e queria aceitar a oportunidade de parceria com os sites, falar sobre diploma, tirar sarro do Casoy", justifica.

Produtores

De todo modo, a versão brasileira, na verdade, foi "pensada" pelos blogueiros Flavio Lamenza e Rodrigo Fernandes, dos sites Chongas e Jacaré Banguela, respectivamente.

Segundo Fernandes, Lamenza comentou que iria colocar em seu blog o original, que já conta com mais de 1 milhão de acessos no Youtube. Foi Fernandes quem sugeriu que, ao invés de apenas legendar o material, eles produzissem uma versão brasileira.

Como ele conhecia o apresentador do "CQC", resolveu perguntar se ele aceitaria participar da produção. Rafinha, segundo ele, já havia visto o original na internet, e topou gravar a versão tupiniquim sem cobrar cachê.

Fernandes, que filmou e editou o material, explica ainda que a ideia, desde o início, foi usar o original como modelo. "Eu vivo de internet há seis anos, sei que o vídeo original já era rodado", diz, negando qualquer tentativa de plágio.

As adaptações feitas por ele e por Flavio, explica, visam trazer algumas situações para a realidade brasileira, como o fim da obrigatoriedade do diploma.

"Com o fim da obrigatoriedade do diploma de jornalista, qualquer um pode se transformar num repórter. Até mesmo um lixeiro, do alto de sua vassoura", diz Rafinha Bastos no começo do vídeo, brincando ainda com o episódio que envolveu o apresentador Bóris Casoy.

"Fazer [o vídeo] é difícil, mas escrever na internet que é uma cópia qualquer um faz. As pessoas só criticam e não veem que é apenas uma brincadeira", reclama Fernandes.

Colaborou MAURÍCIO KANNO

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