terça-feira, 16 de março de 2010

Em ano de Copa, TVs apostam na transmissão em alta definição






Em ano de Copa, TVs apostam na transmissão em alta definição
LAURA MATTOS
LÚCIA VALENTIM RODRIGUES
da Folha de S.Paulo

"Éééééééé do Brasiiiiiiiiil"! Está chegando a hora de ouvir o grito em alta e boa definição. A Copa deste ano será a primeira transmitida em HD, ou "high definition". Em bom português, isso quer dizer que todos os jogos terão, na televisão, uma qualidade de som e imagem semelhante à do cinema.

Veja que cidades recebem transmissão digital até a Copa

Ricardo Nogueira - 2.mar.10/Folha Imagem

Segundo gol de Robinho, no último amistoso antes da Copa, contra a Irlanda

E é por aí que as emissoras de TV e fabricantes de televisores estão gritando mais do que o Galvão Bueno para convencer os torcedores/consumidores a investir na nova tecnologia.

A questão agora --para quem já tem televisão em alta definição e para os que continuam na dúvida-- é saber o que o investimento trará além dos lances da seleção com nitidez fantástica.

Nesta quinta, estreia "Vida", no canal Discovery HD, um marco na aposta em alta definição. O documentário inglês, com dez episódios, reúne cenas da vida animal que só puderam ser captadas graças à potência das câmeras de HD.

Entre outras cenas impressionantes, o espectador acompanha o momento em que uma mosca aspira bolhas de ar para aumentar as antenas que sustentam seus olhos. Se estivesse a centímetros desse inseto na Malásia, a pessoa não conseguiria ver a metamorfose.

"Vida" foi ao ar no domingo passado no Discovery tradicional. Fernando Medin, vice-presidente da rede no Brasil, explica o motivo: "Demos um aperitivo ao público, mas é outra experiência assistir em alta definição. Foi dado o primeiro passo para a inserção do HD, mas o mercado ainda é pequeno".

O Brasil tem hoje 2,5 milhões de televisores sintonizados em TV digital, os únicos que podem transmitir programas em alta definição. Segundo Frederico Nogueira, presidente do Fórum do SBTVD (Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre), até a Copa, esse número deve saltar para 7 milhões, incluindo mini-TVs e celulares. No Brasil, segundo o IBGE, são 54,7 milhões de domicílios com TV, ou 95,13% da população.

Nogueira diz que nesta semana será lançada na TV uma campanha para explicar o que é preciso para ver essas imagens espetaculares. Em primeiro lugar, o sinal digital tem de ter chegado à sua cidade. Depois, vem a parte de abrir a carteira para ter um televisor adequado.

Quem quiser parar no Galvão Bueno o gasto acabou por aí.

As TVs abertas estão ampliando seu conteúdo em alta definição na tentativa de atrair cada vez mais o espectador e acelerar a migração da tecnologia analógica para a digital.

O interesse se justifica porque, num futuro próximo, a TV digital terá interatividade, que possibilitará novos negócios às emissoras, como a venda de produtos por controle remoto.

As redes, por lei, terão de transmitir a mesma programação nos dois sinais até junho de 2016, dez anos após a publicação do decreto sobre o início das transmissões digitais. Depois, haverá o chamado "apagão analógico", ou seja, só os novos televisores funcionarão.

Para fugir do Galvão

As TVs pagas também se mobilizam para conquistar os que querem fugir do Galvão na Copa e estão dispostos a investir além do gasto com o televisor.

Nos pacotes de alta definição das TVs por assinatura, os atrativos vão de filmes recém-lançados com a qualidade do cinema até a possibilidade de fazer, com o controle remoto, seu próprio replay durante um jogo ao vivo da Copa ou dar pause na novela para ir ao banheiro.

A ESPN HD, único canal de esportes com 24 horas em alta definição, enviará 80 profissionais para a África do Sul. Além dos jogos, vai dedicar até 15 horas diárias para a Copa.

Agrício Neto, vice-presidente de marketing e programação da Sky, diz que as assinaturas do HD aumentaram 20% desde o final do ano passado. Ele quer dobrar esse número em 2010. Para tanto, vai lançar mais seis canais, além dos 30 já existentes. "Nosso retorno demonstra que a gravação é o grande diferencial. O público quer montar sua própria programação."

O Telecine deve ter mais um canal de filmes. Já Pedro Garcia, diretor do Globosat, prevê que, aos poucos, toda a programação seja em alta definição.

Editoria de Arte/ Folha de S.Paulo

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