terça-feira, 16 de março de 2010

Editora vai produzir conteúdo para jogos


Editora vai produzir conteúdo para jogos
RAFAEL CAPANEMA
da Folha de S.Paulo

Na semana passada, a editora americana Random House anunciou a criação de um grupo para criar roteiros, universos e personagens para videogames. Segundo comunicado da empresa, a produção transmídia se estenderá a redes sociais, plataformas móveis, livros e filmes.

A Random House oferecerá também serviços editoriais para empresas de jogos que quiserem "aprimorar a criação de mundos e roteiros de sua propriedade intelectual existente".

Divulgação

Sins of a Solar Empire, game para PC da Stardock, que anunciou parceira com a editora Random House

A primeira parceria concreta é com a desenvolvedora de games Stardock. As duas empresas vão dividir a criação de Elemental: War of Magic, jogo de fantasia e estratégia para PC. Em agosto, a editora publicará um romance ambientado no universo do game, "Elemental: Destiny's Embers".

Não é a primeira vez que a Random House se embrenha no mundo dos games. Sua divisão Del Rey já publicou livros baseados nos jogos Gears of War, Halo e Mass Effect.

Para Gina Centrello, presidente da editora, o sucesso no mercado de entretenimento depende cada vez mais da qualidade dos enredos. "Depois de mais de 80 anos, a Random House está levando sua experiência de contar histórias um passo à frente", afirmou.

Brad Wardell, executivo-chefe da Stardock, aposta que a parceria com a Random House resultará em universos mais imersivos para os jogadores. "Uma boa história não precisa necessariamente começar e terminar com um game. Ela pode e deve englobar quantos meios criativos forem possíveis para prover aos fãs a mais completa representação de um lugar ou um espaço de tempo ficcional", disse.

Entre os jogos lançados pela Stardock estão Sins of a Solar Empire e Galactic Civilizations.

O casamento entre literatura e games não é novidade. No Brasil, Taikodom (taikodom.com.br), para PC, acompanha o romance "Despertar", de J. M. Beraldo (Devir). Na trama, um campo de força misterioso bloqueou a Terra. O game ajuda a visualizar as máquinas do futuro citadas no livro.

Ficção interativa

Segundo Lucia Santaella, diretora do Centro de Investigação em Mídias Digitais da PUC-SP, no texto "Games e comunidades virtuais" (bit.ly/lucgam), a narrativa encontra nos games um habitat fértil. "Em vez de contar uma boa história, a qualidade dos jogos computacionais está baseada em fatores inteiramente diferentes, entre os quais se destaca a liberdade que o jogador de um game tem para explorar e compreender a estrutura de um mundo irreal e para aprender a manipulá-lo".

"Uma ficção interativa tem diferenças estruturais em relação à ficção tradicional", segundo Janos Biro, bacharel em filosofia e desenvolvedor independente de jogos, no texto "Estrutura das ficções interativas" (bit.ly/jangam). "A mais importante das diferenças estruturais é que as partes da ficção interativa não estão arranjadas em ordem linear, mas sim num padrão de rede, e o que define a conexão das partes são as escolhas do leitor".

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