domingo, 4 de abril de 2010

Uma em cada 10 crianças põe fotos íntimas na web

O chamado sexting, prática pela qual adolescentes e crianças se aproveitam do anonimato da internet para transmitir fotos ou conteúdos sexuais, é mais comum do que se imagina. Pesquisa feita pela associação Safernet Brasil mostra que 11% das crianças já enviaram ou publicaram fotos íntimas ou sensuais na rede mundial de computadores

Alheios a riscos, jovens postam fotos sensuais

Sexting, fenômeno em que a internet ou celulares são usados para compartilhar imagens íntimas, já foi praticado por 11% dos estudantes brasileiros de 5 a 18 anos, entrevistados em pesquisa da Safernet concluída em fevereiro
Lais Cattassini, lais.cattassini@grupoestado.com.br

Um em cada dez jovens já enviou ou publicou fotos íntimas ou sensuais na internet. O número, resultado de uma pesquisa feita pela associação Safernet Brasil e concluída em fevereiro, alerta pais e educadores sobre o sexting, prática pela qual adolescentes e crianças se aproveitam do anonimato da internet para transmitir fotos ou conteúdos sexuais. De acordo com a pesquisa, 11% dos estudantes entre 5 e 18 anos já fez sexting.Livres dos olhos dos pais, as crianças descobrem a sexualidade com cliques. “A internet facilita isso. Há o suposto anonimato e, com dois ou três cliques, eles têm acesso a todo o tipo de sexo”, alerta o diretor de prevenção da Safernet, Rodrigo Nejm. Por isso, ele recomenda que o diálogo seja constante. “O debate, tanto sobre a internet quanto sobre a sexualidade, ainda é ausente”, afirma.A pesquisa ouviu 2.159 estudantes de escolas públicas e privadas de todo o País e sugere ainda que eles estão acostumados a usar a internet sem orientação dos pais e, portanto, não têm noções de ética na rede e desconhecem a amplitude de suas ações na web. Segundo especialistas, é importante que conselhos básicos, como “não fale com estranhos”, também sejam aplicados à internet.Segundo a pesquisa, 69% dos entrevistados afirmam ter pelo menos um amigo virtual, que conheceram pela internet. Ao serem questionados sobre os relacionamentos virtuais, 32% afirmaram que têm mais de 30 amigos na web e 12% declararam ter namorado pela internet ao menos uma vez.OrientaçãoA conversa entre pais e filhos deve começar cedo. Para a coordenadora de pesquisas da divisão de tecnologia educacional da Positivo Informática, Betina von Staa, é preciso explicar as regras dos espaços públicos, como a internet, desde o início, já que as crianças começam a usar a rede antes dos 7 anos de idade. “Logo que começam, os pais devem esclarecer coisas, como não falar com estranhos e dizer: ‘você faria isso na rua?’”A conduta dos pais da estudante Aléxia Campêlo, de 14 anos, pode ser usada como exemplo. Mesmo tendo começado a usar computador aos 4 anos, a jovem ainda hoje é monitorada de perto: só acessa seus contatos sociais - Twitter, Orkut e fotolog - quando os pais estão em casa. “O computador de casa tem senha, que só eu e minha mulher sabemos qual é”, diz o pai dela, Manoel Campêlo Júnior, de 33 anos. Dessa forma, Aléxia só usa a internet quando os pais liberam o acesso.Além disso, Campêlo ressalta a importância de conversar com a filha sobre como reagir a abordagens de estranhos - ele faz isso desde que ela começou a falar e a andar.Além de discutir regras simples com as crianças, é importante enfatizar o alcance da internet. Ao praticar o sexting, imagens e vídeos de conteúdo embaraçoso podem ser usados para prejudicar os adolescentes. “Eles não imaginam a amplitude”, ressalta Nejm. Para ele, tirar a roupa na internet é mais grave do que tirar a roupa na rua. “A foto fica para sempre na rede e, no futuro, isso pode ser usado contra eles mesmos. Eles precisam ver a internet como uma praça pública.” Colaborou Fábio Mazzitelli

Jornal da Tarde 4 de abril de 2010

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