sexta-feira, 21 de maio de 2010

Dalai-lama burla cerco chinês e conversa com internautas no Twitter

da France Presse, em Pequim (China)

O dalai-lama, líder espiritual dos budistas tibetanos, entrou pela primeira vez na internet para bater papa com chineses pelo site de microblogs Twitter. Em um país que mantém duro cerco contra temas tibetanos na internet, dalai-lama trocou mensagens por cerca de 90 minutos e suas conversas foram retransmitidas por outros sites.

Os assuntos foram os mais variados: políticos, culturais ou religiosos. Dalai-lama informou que as discussões com Pequim a respeito da autonomia do Tibete e de seu eventual retorno haviam falhado, porque o governo chinês havia se recusado a reconhecer os problemas que a região do Himalaia enfrenta.

As discussões não progrediram "porque o governo central sempre argumenta que não existem problemas no Tibete, apenas com o dalai-lama", declarou.

"Eu não peço nada para mim mesmo, minha principal preocupação envolve os problemas da cultura, da religião e do meio ambiente do povo tibetano", alfinetou. "Em certas zonas do Tibete, a cultura e a língua tibetanas estão em crise por causa do aumento do número de hans [etnia majoritária da China".

Wang Lixiong, um autor chinês, crítico mundialmente conhecido da política de Pequim no Tibete, anunciou no Twitter que ele emprestaria sua conta para facilitar o bate papo.

Mais de 12.500 pessoas acompanharam o líder tibetano e 289 perguntas foram feitas.
As questões foram selecionadas através de uma votação feita no Google Moderator, um aplicativo do Google que permite esse tipo de operações, explicou Xiao Qiang, que dirige a China Digital Times, localizada nos Estados Unidos.

O Twitter é bloqueado na China, mas mesmo sem poder utilizar um proxy (programa que máscara o IP de internet) para contornar a censura e se conectar, os internautas chineses puderam acessar ao chat com o líder religioso.

O Twitter possuiu outros aplicativos e servers alternativos que permitem aos usuários usarem o serviço.

Segundo Xiao Qiang, essa "grande muralha na internet" estimulou o crescimento do Twitter na China. "Essa comunidade tem uma ligação política forte contra a censura. As inúmeras discussões no Twitter falam sobre a liberdade na Internet e sobre maneiras de contornar os firewalls".

Xiao estima que cerca de cem mil chineses estão no Twitter.

Nenhum comentário:

Postar um comentário